sábado, 15 de dezembro de 2007

AMOR!!

Ninguém entende o amor que sinto, nem eu, pois amor é sentimento e não idéia. Idéia é que pode ser explicada, racionalizada. Se eu pudesse racionalizar meu amor, não seria amor, seria teoria. Amor e teoria não combinam. Qualquer teoria sobre o amor queda falha ante o olhar da pessoa amada. Qualquer teoria sobre o amor é pó. Pergunte ao pó de onde ele veio e, antes de ele responder qualquer coisa, o vento que saiu dos teus lábios levará o pó para bem longe de ti.

Ninguém entende o amor que sinto, nem eu quero que entendam. O amor que sinto é dessas coisas que muda a cada dia, pois eu mudo a cada dia. O amor que sinto não consegue fazer da outra pessoa um objeto, tratá-la como um objeto. Ele entende que esse reconhecimento do outro se dá em situações e cada momento de convivência com o outro é uma situação nova ou muitas situações novas. Não consegue tratar o outro como algo fixo, que não muda, que não pode ter outras possibilidades de reconhecimento. O amor que sinto não pode entender o outro senão como um outro livre, dotado de capacidade de escolha e que, por isso mesmo, é totalmente independente de mim, ainda que me ame intensamente. Não consegue fazer do outro mero joguete de seus caprichos, mas admite ao outro a possibilidade de ser também sujeito desse amor, que inter-age e que, antes mesmo de ser amor, é liberdade, por isso tende ao infinito.

O amor que sinto é silêncio. O amor que sinto é distância. O amor que sinto tem muito de sofrimento, de tristeza e de conflito, também. Pois o amor é um coquetel (e não um funeral) de sentimentos.

Talvez não fosse apropriado chamar o amor que sinto de amor, pois o amor que sinto não é esse amor convencional do ciúme e da neurose, pois esse amor não existe pra mim. Eu consegui sozinho superar isso e, se pudesse, indicaria a todos essa superação, pois tudo em mim está melhor.


[VINICIUS FALCÃO]