sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ESPECULAÇÕES
Sobre qualquer coisa ou sobre coisa alguma. Não faz diferença. Especulações. Isso é o que interessa agora. Eu só preciso escrever qualquer coisa. Nunca fiz um texto assim em tom “dialogal”. Desculpem se for muito “freudiânus” e se a linguagem mais “chula” não o agrada, não leia.

Estive observando, mas o mundo é machista e o símbolo disso é o formato fálico dos objetos. Garrafas, gravatas, lápis, canetas, microfones, chaves, controle remoto, pilhas, torneira, cano, porrete, revólver, bazuca, espingarda, machado, tubo de desodorante, farol, antenas, pára-raios, torre, árvore, braços, pernas, estradas, trens, metrôs, cenoura, mandioca, pepino, banana, pirulito, espeto, faca, palito de dente, espada, enxada, foice, escova de dentes, tubo de pasta, guitarra, dedos, tudo, tudo, tem o bendito formato fálico. As mulheres por exemplo, algumas delas não usam aquelas piranhas pra prender o cabelo, mas, sim, uma madeirinha, também em formato fálico. Em todos os locais tem isso. Um dos símbolos do poder dos reis era o cetro – querem algo mais fálico? E os mastros onde colocam as bandeiras. Porque tudo tem que ser fino e comprido? Porque essa distorção toda entre as medidas (comprimento e largura) das coisas? Tanta fixação assim pelo órgão sexual masculino parece nos dizer alguma coisa: vivemos numa sociedade machista.

Mas essa sociedade machista dentro do capitalismo já se mostra com outras peculiaridades que ganhou do capitalismo. Acho possível que o capitalismo, sim, só seja possível com o machismo. Não por acaso, não foi uma reunião de machos que fundou o capitalismo. O capitalismo não foi simplesmente fundado “declaramos fundado esse modo de produção e o batizamos de capitalismo”, é claro que isso não aconteceu, foi uma série de processos que levaram à transformação do mundo feudal ao que hoje conhecemos por mundo capitalista e é claro que isso não foi bem preciso, a história acontece de modo entrecortado. As coisas foram acontecendo, acontecendo, de modo quem algum dia alguém percebeu que certas relações da sociedade feudal foram perdidas em alguns locais e tendiam a se perder em outros locais, esse processo foi se alargando e hoje ainda conservamos sim modos de uma sociedade feudal, mas é quase nada, com certeza. Voltando para o trilho o argumento inicial: o capitalismo precisa do machismo, não porque ele tenha sido fundado por uma casta de machos, mas porque toda a história da propriedade e da própria humanidade foi machista – de um modo geral – provavelmente porque os povos primitivos se impusessem pela força e a mulher sai em desvantagem quando o assunto é força, tais costumes foram sendo repassados de tempos em tempos para as gerações e o machismo foi se propagando. Assim como era comum pensar que os negros constituíam uma raça inferior aos brancos quando se escravizava negros. O fato é que dentro do capitalismo o machismo só se acentua. A exploração do corpo da mulher em revistas de nudez explícita e em comerciais comprova isso. Mais ainda, o fato de haver “revistas masculinas” também confirma isso, pois as revistas masculinas têm menos vendagem, repercussão e quantidade que as femininas, ou seja, as próprias mulheres de uma forma geral não aceitam o fato de ver uma revista com homens pelados, mesmo estando cercadas de falos por todos os lados. A propalada “libertação feminina” também foi apenas uma falácia. A mulher não saiu de casa, ela ganhou as ruas somente porque o capitalismo precisou de mais mão-de-obra, ela vai ao trabalho para complementar as despesas do lar, mas, nem por isso, deixa de ter que cuidar dos serviços domésticos, ela faz apenas hora-extra no trabalho.

A ETERNIDADE


Invadiu o meu mundo e violou tudo, tudo, tudo... tudo ficou de cabeça para baixo e agora tudo e nada parecem ser a mesma coisa. Era como um pequeno vento e agora ficou como um grande redemoinho que me arrasta sem sentido, para qualquer lado. Nada funciona aqui. Nada funciona. A distância pode não matar completamente, mas enterra boa parte de mim. A distância só não consegue nos distanciar, nem afetar os sentimentos. Os sentimentos continuam os mesmos, os mesmos de sempre. Aquele rosto delicado que nunca aparece, só às vezes nos sonhos. Aquele cabelo loiro que quase sempre aparece voando para mim. Posso imaginar ainda uma cena: um lago, cheio de cisnes, o tempo chuvoso, mas ainda com uma pontinha de sol, a grama bem verde – indício de que choveu o mês inteiro –, árvores na grama, nenhuma casa, nenhum caminho, algo parecido com um bosque, nada de coisas de seres humanos, apenas um tapete e uma cesta de piquenique, você no meu colo, minhas mãos na sua cabeça. Cafuné. Quanto a mim... eu confesso... a eternidade poderia ser assim.