É isso mesmo, desculpa por ter te matado. Hoje você morreu para mim, mas há algo sempre vivo de você em mim, afinal, há muito de morte na vida e há algo muito vivo na morte, em todas as mortes. Mais ainda, há sempre um modo diferente de fazer aquilo que as pessoas fazem entre o acordar e o dormir (e enquanto dormem também). As coisas se misturam de uma forma inexplicavelmente veloz.
Desculpa por ter te matado. Eu já não aguentava mais ser sufocado por você, porque eu sei que, mesmo sem falar, você queria me sufocar e eu convivia com o teu silêncio como alguém ameaçado convive com a idéia de uma emboscada, como um perseguido, eu era perseguido pelo teu silêncio – que fala mais que mil palavras e vale mais que mil fatos. Enfim, o “homem, que, nesta terra miserável, mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera!” e “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Então eu te matei para que você continuasse viva de outra forma. Enquanto eu te matava, ao mesmo tempo, eu fazia com que você nascesse em mim, de outra forma, com outro gosto e com outro cheiro. Agora você é só o meu imaginário, não é como uma reprodução, eu não te reproduzo, eu não lembro do teu cheiro, você faz parte do meu imaginário porque o que eu guardo de ti é tudo criação minha, não importa ao certo o que você seja. E assim você nasce em mim para a eternidade. Somos um casal e, ao mesmo tempo, sou seu pai, sua mãe, seu irmão, seu primeiro namorado, seu padrasto, sua madrasta, o ex-marido, sou viúva, nora, genro, cunhado. E ao mesmo tempo eu sei que sou apenas um tufão, um furacão, literalmente um furacão, que violou sua vida e deixou uma marca sem precedentes aí dentro de ti. Estabelecemos uma relação (quase [?]) total.
Desculpa, mil desculpas por ter te matado. Eu te amo tanto, mas tive que te matar. É que o amor está longe de ser um funeral de sentimentos, é um coquetel deles. Eu te odeio também, ao mesmo tempo que te amo. Assim, para te amar mais, eu te matei. Porque eu te odeio eu te matei. Por ser apaixonado por você eu te recriei em mim, eu te recrio a cada instante no meu imaginário. Eu sinto tua imagem, escuto tua pele, vejo teu cheiro, cheiro teu som e escuto teu gosto. Eu não posso deixar nada de ti escapar. Nada, nada. de alguma forma eu sou você e você já sou eu. De alguma forma este amor que eu sinto por ti se comunica lindamente entre nós. E isso que te escrevo... será que algum dia irás ler? Será? Eu não sei, na verdade eu acho que não, mas se lesse não iria acreditar e se acreditasse pouca diferença ia fazer. Vivemos um amor impossível de se realizar como tu imaginas a perfeição de um amor. Assim o amor morre e nasce de outra forma, com outros movimentos, o amor agora é um monstro de feições adoráveis.
E, só pra finalizar, desculpa, mais uma vez, desculpa por ter te matado!
Desculpa por ter te matado. Eu já não aguentava mais ser sufocado por você, porque eu sei que, mesmo sem falar, você queria me sufocar e eu convivia com o teu silêncio como alguém ameaçado convive com a idéia de uma emboscada, como um perseguido, eu era perseguido pelo teu silêncio – que fala mais que mil palavras e vale mais que mil fatos. Enfim, o “homem, que, nesta terra miserável, mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera!” e “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Então eu te matei para que você continuasse viva de outra forma. Enquanto eu te matava, ao mesmo tempo, eu fazia com que você nascesse em mim, de outra forma, com outro gosto e com outro cheiro. Agora você é só o meu imaginário, não é como uma reprodução, eu não te reproduzo, eu não lembro do teu cheiro, você faz parte do meu imaginário porque o que eu guardo de ti é tudo criação minha, não importa ao certo o que você seja. E assim você nasce em mim para a eternidade. Somos um casal e, ao mesmo tempo, sou seu pai, sua mãe, seu irmão, seu primeiro namorado, seu padrasto, sua madrasta, o ex-marido, sou viúva, nora, genro, cunhado. E ao mesmo tempo eu sei que sou apenas um tufão, um furacão, literalmente um furacão, que violou sua vida e deixou uma marca sem precedentes aí dentro de ti. Estabelecemos uma relação (quase [?]) total.
Desculpa, mil desculpas por ter te matado. Eu te amo tanto, mas tive que te matar. É que o amor está longe de ser um funeral de sentimentos, é um coquetel deles. Eu te odeio também, ao mesmo tempo que te amo. Assim, para te amar mais, eu te matei. Porque eu te odeio eu te matei. Por ser apaixonado por você eu te recriei em mim, eu te recrio a cada instante no meu imaginário. Eu sinto tua imagem, escuto tua pele, vejo teu cheiro, cheiro teu som e escuto teu gosto. Eu não posso deixar nada de ti escapar. Nada, nada. de alguma forma eu sou você e você já sou eu. De alguma forma este amor que eu sinto por ti se comunica lindamente entre nós. E isso que te escrevo... será que algum dia irás ler? Será? Eu não sei, na verdade eu acho que não, mas se lesse não iria acreditar e se acreditasse pouca diferença ia fazer. Vivemos um amor impossível de se realizar como tu imaginas a perfeição de um amor. Assim o amor morre e nasce de outra forma, com outros movimentos, o amor agora é um monstro de feições adoráveis.
E, só pra finalizar, desculpa, mais uma vez, desculpa por ter te matado!

