domingo, 19 de agosto de 2007

ANARQUIA!!!

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A ANARQUIA COMO ALTERNATIVA AO MODO DE PRODUÇÃO CAPiTALISTA (MPC).

Proponho, como modelo alternativo ao capital, a anarquia. Anarquia quer dizer, ao pé da letra, ausência de governo, não quer dizer ausência de regras, como muitos tentam – erroneamente – dizer. Porém essas regras, num modelo anárquico, não seriam efetivadas de “cima pra baixo” como é hoje em dia. As regras seriam definidas de forma horizontal, com a participação direta de todos.

Um dos princípios anárquicos é o federalismo. Ele serve justamente para que a horizon-talização do poder seja possível, já que é totalmente impossível haver uma participação de todos em “unidades políticas” com milhões de pessoas. Dessa forma, a anarquia exige que a unidade política tenha um “tamanho ótimo” de pessoas para que a horizontalização seja possível – somente para isso. Por outro lado, os países perdem a função – já que governos, estados e todas as instâncias verticais de poder deixam de existir – e todas as pessoas ao mesmo tempo que perdem a identidade de brasileiros, argentinos, noruegueses, etc... Ganham, em contra-partida, a noção de cidadão do mundo.

O anarquismo não defende um sistema, um conjunto de normas a serem seguidas, o anarquismo propõe, ao contrário, que cada grupamento humano possa, através da representação direta, decidir suas formas de organização, proporcionando, assim, uma maior liberdade para que o homem possa desenvolver suas potecialidades. O anarquismo não é uma receita de bolo para chegarmos aqui e dizer que “no anarquismo seria assim, assim e não pode ser diferente”, quem disser isso estará falando de qualquer coisa, menos de anarquismo. Embora cada pessoa possa ter sua particular visão – perspectiva – sobre uma organização anárquica, não existem “profetas” anárquicos, que pregam a “doutrina” de um “deus-anárquico”, cada indivíduo que comunga com os idéias de participação direta nas decisões coletivas – pressuposto geral do anarquismo – não só pode, como deve, ter sua própria visão do anarquismo. O anarquismo é um sistema que diz não às “verdades absolutas”¹.

Penso que não cabe a nós agora, a priori, descer às minúcias organizacionais de uma sociedade baseada na auto-gestão. Isso soa até contraditório, pois os indivíduos de cada coletividade têm o direito de escolher um modo peculiar de resolverem seus problemas e conflitos: desde que esse modelo consiga atender seu escopo, ele é bom. Eu posso dar minha opinião sobre isso – como, em linhas gerais disse acima –, você pode dizer a sua, mas não podemos dizer que numa sociedade anárquica vai ser assim E PONTO. Temos que respeitar a pluralidade e a LIBERDADE de cada comunidade. Nós devemos ter alguns princípios gerais e, a partir deles, cada uma das comunidades anárquicas vai moldando-se à sua maneira à anarquia. Desse modo não há uma anarquia, mas várias anarquia, baseadas nos mesmos princípios e propósitos da liberdade, igualdade, fraternidade e desenvolvimento das potencialidades individuais de seus membros. Porém, os métodos para atingir esses propósitos são particulares.

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¹Nós devemos ter alguns princípios gerais, pois não há uma verdade absoluta, porém, justamente por não haver verdade absoluta, devemos ter alguns pressupostos e algumas verdades absolutas para chegar nesse estágio de não haver verdade absoluta. Essa questão da verdade absoluta é uma questão de erro lógico, se não há verdade absoluta então temos duas possibilidades: ou a frase está errada – e há uma verdade absoluta – ou a frase está parcialmente errada, pois ela é – tem pretensão de ser - uma verdade absoluta, dessa forma, para não cairmos em contradição, devemos ter algumas verdades absolutas, pontos de partida que norteiam nossa direção. Essas “verdades”, no nosso caso, são, por exemplo, o federalismo; a ausência de instâncias de poder (governo, estado); a não transferência de poder (responsabilidade), etc...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Para além dos grilhões do mais autoritário sentimento!

Às vezes, logo quando as pessoas começam se descobrir, a aprender o que são os sentimentos, costumam querer conhecer o que chamam, entre os “populares”, de amor. E então eles conhecem o conceito fabricado e mais clichê desse sentimento – que pode ser sublime, sim, mas pode ser o mais fétido entre todos os sentimentos – o amor- comum.

O amor-comum é podre e cheia a fraqueza. Ele quer fazer do outro uma extensão de si mesmo, ele quer confundir seu “eu” e o “eu” do outro – que sequer existem concretamente, já que cada um de nós é vários “eus” – num só “eu”, num só ser. Ele quer fazer com que um seja propriedade do outro, ele quer fazer dos dois um só, um espelho, um mesmo coração, uma mesma alma, em dois corpos. Esquece, porém, que isso é mais do que utopia, é mentira, além de todas as impossibilidade objetivas, ainda tem uma impossibilidade subjetiva: nem um, nem o outro querem essa identidade, ao contrário, fingem querer.

Esse sentimento, regado a frases-clihês, a ciúmes, a neuroses, pirações, privações das mais variadas, regado ao mais fino e chantagista autoritarismo; esse sentimento que é, sobretudo, uma grande muleta para os dele dependentes, pode ser comparado ao pior dos tóxicos tipificados como proibidos como a cocaína e o crack: dá um prazer instantâneo nos primeiros momentos, a longo prazo, causa vício e prejudica à totalidade do indivíduo, porém há um agravante: isto é um sentimento, logo, é sentido por um outro, este vício, então, é o pior dos vícios, pois não está explícito e jogado para fora em forma de pó esbraquiçado e tipificado pela lei como proibido, pelo contrário, este sentimento é totalmente ligado à subjetividade do outro, é totalmente travestido de “bem” e de “dever de cuidado”, é totalmente desejado pelo “inconsciente coletivo”, aprovado por todas as leis e religiões. É, esse amor, sem dúvidas, a mais perigosa das drogas. É um sentimento enlatado e pré-fabricado, uma prisão que o sujeito se prende por adesão e ainda acha ótimo estar preso. O que é pior nessa prisão, com certeza, não é nem o fato de ser “policiado”, “vigiado” pelo outro e por “espiões” a seu serviço, com certeza o pior é você se sentir na obrigação de assim agir, essa é a pior parte e a pior prisão. “Quem ama cuida”, dizem os “amantes comuns”.

Eu, de outra forma, só posso acreditar num amor que seja livre e que me deixe ser livre. Só posso acreditar num amor criativo e tesudo, que me deixe viver em paz, que me satisfaça sem grilhões, sem fiscais, sem burocracias e sem neuroses. Num amor que seja infinito em apenas um instante e que transcenda e que seja anterior a qualquer criação anterior à minha. Eu invento o meu amor da forma que me convém e posso me livrar de “amores-indesejáveis” por “pessoas-inconvenientes”, eu posso me livrar dos tocos que a vida me apresenta e que irão me desviar do caminho que projetei para a minha existência.

Os melhores amores nascem sempre à distância, à distância crescem e se reproduzem, dão frutos, mas não morrem, permanecem sempre pulsantes e múltiplos, coexistindo e se amando dentro da consciência de quem os sente. Os melhores amores são sentimentos tão sublimes que não conseguem censurar, nem, ao menos, desejar o mal ao ser amado. Os melhores amores são feitos de improviso e nem a melhor cartilha do melhor pensador pode analisar a melhor forma de amar. A melhor forma de amar é definida por cada um, sem esquecer que o maior amor deve ser, sempre e cada vez mais, o amor por si mesmo.
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[a propósito disso, um dos melhores poemas que já li... do "velho safado" Charles Bukowski]
A Genialidade da Multidão
Há bastante deslealdade, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para suprir qualquer exército em qualquer
dia.
E O Melhor No Assassinato São
Aqueles Que Pregam Contra Ele.
E O Melhor No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E O MELHOR NA GUERRA
--FINALMENTE--
SÃO AQUELES QUE PREGAM
PAZ
Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam PAZ
Não têm paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidados com os Sabedores.
Cuidado
Com Aqueles Que
Estão SEMPRE LENDO
LIVROS
Cuidado Com Aqueles Que Detestam Pobreza
Ou Que São Orgulhosos Dela
CUIDADO Com Aqueles Que Elogiam Fácil
Porque Eles Precisam De ELOGIOS De Volta
CUIDADO Com Aqueles Que Censuram Fácil:
Eles Têm Medo Daquilo Que
Não Conhecem
Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantes
Multidões; Eles Não São Nada
Sozinhos
Cuidado
Com O Homem Comum
Com A Mulher Comum
CUIDADO Com O Amor Deles
O Amor Deles É Comum, Procura
O Comum
Mas Há Genialidade Em Seu Ódio
Há Bastante Genialidade Em Seu
Ódio Para Matar Você, Para Matar
Qualquer Um.
Sem Esperar Solidão
Sem Entender Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Seja Diferente
Deles Mesmos
Incapazes
De Criar Arte
Eles Não Irão
Compreender Arte
Eles Vão Considerar Sua Falha
Como Criadores
Apenas Como Uma Falha
Do Mundo
Incapazes De Amar Completamente
Eles Vão ACREDITAR Que Seu Amor É
Imcompleto
E ELES VÃO ODIAR
VOCÊ
E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta
Sua Mais Fina
ARTE