domingo, 9 de setembro de 2007

Tempos de modernidade

As estruturas de concreto morto
assassinam todos os velhos sentimentos
que eu desenvolvia nas profundezas;
construções vazias, cheias de vento
,ganham novo poder transformador:
de, viva, mortificar qualquer razão,
de amortecer quedas repentinas
na esquina da rua da minha casa.

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A poluição extermina toda
possibilidade de continuar,
de continuidade, nesse ritmo,
que se torna mais e mais musical
e, por isso, repetem-se as quebras
nas engrenagens obscuras, semânticas
semi-mortas desde o nascimento
desde o processo de criação.

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Não consigo conciliar o tempo
e o discurso seco, responsável
por centenas de correntezas
por onde fluem as minhas incertezas
rimadas nas ruas enrugadas, curvas
sob pontes de concreto subjetivas
que jamais se dobram ante a força
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não consigo – na verdade não quero –
tentar entender começo e fim
de qualquer coisa parecida com
o suspiro final do pensamento
que pode fazer nascer mal no meio
de tanta poluição, dentro de
tanto barulho, barbárie e caos...
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Revoadas cheias de incerteza
sempre buscam concertos permanentes
nascem e morrem, continuamente
como se estivessem, ao mesmo tempo,
presentes do começo ao final
no nascimento e no funeral
de uma mesma época, condenada
aos mesmos desgostos e às mesmas, velhas,
apenas revestidas, problemáticas
apenas a aparência diferente;
como se trocasse apenas a
roupa, surrada, suja e rasgada
por uma camisa nova, limpa ... branca.

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Esse recomeço não permite erros
muito menos diversos pensamentos;
também não permite os pensamentos
e muito menos muitas construções;
os erros não permitem construções
muito menos velhas opiniões.

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Como sempre, estão todos atrasados,
para chegar ao local escolhido;
como sempre eles tentam adiar
a chegada, para perder a ida,
mas o relógio Dela é preciso
o relógio Dela é mais perfeito
até que a edificação mais sólida
que edifícios, pontes e formas
– todas elas juntas – vivas mais modernas
externadas, até a forma dos versos.
Ela simplesmente faz tocar o sino:
então as nuvens abrem, mortos vivem
e os vivos vão; os não vivos choram;
e os viventes continuam andando
observando as estruturas de
concreto que amornam sentimentos.

26/08/07
[VINICIUS FALCÃO]

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