terça-feira, 31 de julho de 2007

A semelhança é a diferença!

Não se pode ver um conjunto de pessoas como uma unidade, por mais coisas em comum que existem entre elas. No fim de tudo, há mais de "incomum" do que de "comum", por isso somos seres particulares; solitários (não isolados, mas solitários), somos subjetividades-subjetivadas, objetividades-objetivadas, transcendências-transcendidas, tudo isso ao mesmo tempo sendo feito por suas próprias consciências e por consciêcias extranhas.
A multidão que pulsa e pula gritando as mesmas palavras de ordem; as pessoas que seguem nas calcaçadas do centro; garotos parados, enfileirados, esperando o lanche na cantina da escola; operários em greve numa fábrica do "ABC"; professores paralizando as aulas nas universidades; alunos fazendo barricadas, todos eles, por mais parcecidos que sejam, são diferentes entre si (enquanto grupos e enquanto indivíduos) - e mesmo dentro dos grupos, há mais diferenças do que semelhanças do que semelhanças entre eles: o que nos une é a diferença, é a diferença que aponta à unidade.
O todo é um conjunto de unidades (mais) diferentes (que semelhantes), deve ser visto, portanto, a partir do indivíduo no sentido do todo e não ao contrário, e é justamente por isso que é falha qualquer tipo de universalização coletiva de um anseio individual para o grupo todo, e é justamente por isso que qualquer tentativa de representação é falha e insuficiente, fracassada já no seu estado embrionário - NATIMORTA -, distorcida tanto por quem "representa" quando por quem é "representado". Toda tentativa de representação é uma enganação! Os que dizem representar enganam e, da mesma forma, os "representados" (que pensam que são representados) SE ENGANAM (PROPOSITADAMENTE), mentem para si mesmos por se sentirem mais confortáveis com a mentira que os representantes são bons e querem o bem coletivo.
Assim, dessa forma, a única solução para nós é a representatividade individual. Só o indivíduo é capaz de se representar e de saber o que é realmente bom para ele mesmo. Para além disso, se assim não proceder, não poderá se esquivar da culpa de não ter tido capacidade de fazer-se representar, não poderá jogar para fora de si a culpa de ter falhado, não poderá alegar que foi enaganado por um "falastrão-retórico-com-carinha-de-playboy". A única solulçao é acabar com os partidos e fundar um INTEIRO, que não seria uma instituição, mas um agrupamento de pessoas que reuniria toda uma coletividade para tirar da esfera transcendente de poder (ESTADO) o poder de decisão e colocar no indivíduo, em cada indivíduo, o poder de decisão naquela coletividade.
O ser humano é a única espécie onde o indivíduo tem um valor maior que o todo!

2 Comments:

Anônimo said...

“O ser-próprio do Tathagata é o ser-próprio do universo; o Tathagata não possui ser-próprio e, universo não possui ser-próprio.”

Anônimo said...

“Julgamentos e opiniões individuais não têm efeito e precisam ser abandonados. A face original só pode ser encontrada em uma atitude de não-apropriação, de não-busca e não-dependência a ninguém. Na verdade, quando a nossa mente está livre de intenções nós percebemos que a face original é apenas nós mesmos agora mesmos, é o nosso corpo em suas atividades diárias.”

O universo não é algo externo a nós mesmos – ele é o “fenômeno de todos os fenômenos, o corpo onde o eu acontece. Isso também significa dizer que o eu real não é um eu individual, mas um eu em sua plenitude, fenômeno entre os fenômenos, fenômeno em combustão completa com o universo-fenômeno. Essa visão é expressa de várias formas no Yuibutsu Yobutsu.” O que Dogen quer expressar é que “o universo inteiro é o corpo de Dharma do Eu”. “O corpo de Dharma, a incorporação da verdade, é o corpo original, o corpo do nosso corpo individual. Sendo o universo inteiro, ele abarca tudo, está sempre continuando, é dinâmico e ativo. Ele também é livre de obstáculos, ou livre de oposições, desobstruído. O corpo do Dharma está em perfeita harmonia consigo próprio. Quando nós acontecemos e aparecemos nele nós não experimentamos nenhum desconforto ou obstrução. Nós podemos fundamentalmente nos mover livremente e nos sentir ‘em casa’ no corpo do Dharma todo-abrangente, ativo e dinâmico. Se não nos movemos livremente no corpo do Dharma é porque estamos errando no oceano do sofrimento (sk. Samsara)”. O que precisamos fazer é aceitar que o universo inteiro é o nosso corpo de Dharma. Isso não é um dogma, mas uma verdade que podemos experimentar através das nossas atividades diárias.

“A identidade mútua entre as formas (corpos) e o universo (corpo original) não se trata apenas de as formas fazerem o universo aparecer e o universo fazer as formas aparecerem. É também a presença mútua dos corpos no corpo original (o universo) e do corpo original em cada corpo.”

“Não há nada a ser encontrado atrás ou além da manifestação do universo. A manifestação do corpo de Dharma do universo é, em si mesmo, a liberação.”

“O nosso verdadeiro corpo humano não é esse envelope individual temporário que separa o ‘dentro’ e o ‘fora’, mas é o universo inteiro como-é, incluindo nós mesmos. (...) Isso é ‘inconcebível’. Não é para nós explicá-lo; é para nós experimentá-lo.”


“Quando nós percebemos que os traços de Buda se revelam junto
com os nosso traços e que os nossos traços se revelam junto com os traços do Buda, então nós saberemos que somos dotados da natureza-búdica, que nós somos Buda conhecendo Buda, encontrando-se e silenciosamente se reconhecendo mutualmente.”