sábado, 15 de dezembro de 2007

AMOR!!

Ninguém entende o amor que sinto, nem eu, pois amor é sentimento e não idéia. Idéia é que pode ser explicada, racionalizada. Se eu pudesse racionalizar meu amor, não seria amor, seria teoria. Amor e teoria não combinam. Qualquer teoria sobre o amor queda falha ante o olhar da pessoa amada. Qualquer teoria sobre o amor é pó. Pergunte ao pó de onde ele veio e, antes de ele responder qualquer coisa, o vento que saiu dos teus lábios levará o pó para bem longe de ti.

Ninguém entende o amor que sinto, nem eu quero que entendam. O amor que sinto é dessas coisas que muda a cada dia, pois eu mudo a cada dia. O amor que sinto não consegue fazer da outra pessoa um objeto, tratá-la como um objeto. Ele entende que esse reconhecimento do outro se dá em situações e cada momento de convivência com o outro é uma situação nova ou muitas situações novas. Não consegue tratar o outro como algo fixo, que não muda, que não pode ter outras possibilidades de reconhecimento. O amor que sinto não pode entender o outro senão como um outro livre, dotado de capacidade de escolha e que, por isso mesmo, é totalmente independente de mim, ainda que me ame intensamente. Não consegue fazer do outro mero joguete de seus caprichos, mas admite ao outro a possibilidade de ser também sujeito desse amor, que inter-age e que, antes mesmo de ser amor, é liberdade, por isso tende ao infinito.

O amor que sinto é silêncio. O amor que sinto é distância. O amor que sinto tem muito de sofrimento, de tristeza e de conflito, também. Pois o amor é um coquetel (e não um funeral) de sentimentos.

Talvez não fosse apropriado chamar o amor que sinto de amor, pois o amor que sinto não é esse amor convencional do ciúme e da neurose, pois esse amor não existe pra mim. Eu consegui sozinho superar isso e, se pudesse, indicaria a todos essa superação, pois tudo em mim está melhor.


[VINICIUS FALCÃO]

sábado, 24 de novembro de 2007

SUPERAÇÃO DA SEMIÓTICA
[o ser pós-humano]
...
Qualquer condição de superação da sociedade capitalista começa justamente por reconhecer a nossa incapacidade se superá-la externamente, ou seja, sem contar com suas contradições e com as condições materiais interiorizadas por ela em nós. Sim, somos ou estamos uma interiorização do capital, vivemos assim e negar isso é o mesmo que ir viver numa floresta sem utilizar qualquer dos inventos que o capital nos proporcionou. Porém, o que exteriorizamos, o que fazemos com essa interiorização é escolha nossa. O que devolvemos ao mundo somos nós que escolhemos e determinamos.

Num primeiro momento nascemos e convivemos com o rizoma do capital, somos captados por suas teias, sugados por seus símbolos e geralmente ainda não temos nenhuma base ideológica para superar ou contestar isso. Por mais que algumas vezes possamos questionar algum dos preceitos básicos, não conseguimos visualizar o sistema como sistema. Visualizamos atos isolados, costumes estanques, sem descobrir a relação que um tem com o outro e tudo o que está por trás dessa lógica: o capital. Essas mediações mais singulares, só são percebidas depois da descoberta e do domínio das palavras, depois de, pelo menos, quinze anos. Anos vividos passivamente sob o teto do capital, sem nenhuma atividade de contestação, sem uma postura de criticidade ante a esse conjunto de relações econômicas, filosóficas e pessoais que é o sistema de produção capitalista.

Contestar o sistema virou clichê, virou clichê porque a maior parte dessas críticas são sempre feitas com base no senso comum, no costume errôneo de achar que qualquer pesquisa – principalmente as pesquisas que denunciam falácias e contradições do capital – é verdadeira, eterna e imutável. Não, não podemos pensar assim. O capitalismo é um mutante por natureza e a análise que, por exemplo, Karl Marx fez do capitalismo pode ser um caminho, mas não será nunca uma meta. Se conseguirmos entender o capitalismo descrito por Marx, conseguiremos entender o capitalismo de sua época, de seu tempo. Hoje várias transformações daquele capitalismo já aconteceram, várias nuances aconteceram, aproximações e distanciamentos do “capitalismo marxiano” aconteceram, portanto, por mais que possamos olhar o capitalismo atual aos olhos de Marx, devemos superá-lo, ir além dele, pois o nosso já é diferente do dele – e, com certeza, houve pelo menos um capitalismo entre o dele e o nosso. Talvez até por isso mesmo o nosso camarada Marx disse que não era “marxista”. Para mais além ainda, o capitalismo de Marx talvez ainda exista em algum lugar do mundo e em outros cantos do mundo, não: talvez a maior semelhança entre capitalismo e anarquia seja justamente essa possibilidade de serem modelos de produção mutantes e que não existem apenas sob uma forma única e lacrada de ser, assim não existe o capitalismo, mas os capitalismos, da mesma forma que não existe o anarquismo, mas sim os anarquismos.

Para superar o capitalismo, antes de qualquer superação material, é preciso uma superação da própria humanidade. A humanidade deve ser superada. Deve ser superada essa condição de humanidade-esponja, que só absorve e nada cria. Que adora aplaudir, mas tem vergonha de ser aplaudido. Que tem medo de mostrar suas potências, que é humilde. Humildade é sempre sinal de fraqueza. Superar essa condição viciada em interiorizar a moral, o espírito, os costumes, a crença, o que fede. Superação: para além de toda essa cultura enlatada que nos é empurrada é para onde devemos caminhar. Superação: para além de toda essa fábrica de transformar pessoas em robôs é para onde devemos caminhar. Conseguir ver no horizonte algo além do papel, os objetos, de toda essa objetivação a que nos submetemos através do processo de humanização no capitalismo com o centro das mediações humanas sendo o capital e não mais a palavra.

Essa superação da humanidade, da condição mais capitalista de passividade e de acriticidade a que estamos submetidos, é individual. Por mais que possa ser influenciada e o despertar para ela possa ser gerado por algo externo, a internalização dessa superação é individual, depende da vontade, do querer de cada um. E é a partir dessa vontade de superação que nasce o indivíduo pós-humano que proponho. Esse indivíduo pós-humano é sempre filho de si mesmo, sempre constrói a si mesmo, é filho de uma idéia que ele mesmo aceitou, gerou e cuidou durante todo o processo embrionário, até alcançar a sua superação, a sua pós-humanidade, antevista e projetada por ele mesmo. Esse ser pós-humano é filho de um ser humano (ante-pós-humano), filho de transformações ocorridas dentro de um mesmo corpo, porém não com a mesma pessoa, pois aquele corpo abriga vários “eus” e vários quereres que jamais poderão ser determinados e quantificados antes de finda aquela existência. Esse pós-humano é fruto de uma vontade de superação do que há de mais humano e bestial.

Mais do que uma superação de si mesmo, é uma projeção de si mesmo, externar ao mundo e materializar no mundo, segundo por segundo, a sua perspectiva de único, de mutante, mas um mutante senhor dessa mudança e não um mutante passivo, mero receptor de idéias, que muda conforme recebe as mudanças estranhas a sua vontade. É inclusive a superação desse tipo de ser mutante que agora existe. É uma mutação própria e projetada sobre si mesmo para o futuro. Debater-se contra seu próprio funcionamento orgânico, objetivo, subjetivo, seu estar-no-mundo a fim de encontrar a melhor forma se colocar nesse espaço onde vive, superando seus próprios limites, tendendo ao infinito sempre. Essa constante superação de si mesmo apresentará ao mundo o ser pós-humano, que supera os antigos símbolos econômicos, filosóficos, sociais e políticos, estabelecendo novos símbolos, conceitos e saberes, todos novos e totalmente confluentes com a idéia de emancipação que tanto é almejada.
Vinicius Falcão

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Soneto ao Silêncio
Não gosto quando você fala demais
e não gosto quando não fala nada
porque, se você fica assim, calada,
minha alegria se desfaz.
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Eu sei que não há nada demais, mas
minha vida é desorganizada
não a quero ver desanimada,
E, se você quiser, não falo mais...
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Não falo mais das coisas dessa vida
faço tudo para ser divertida
e ela acaba triste e silenciosa
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Abismos no Silêncio se escondem
por isso silencio também
e é assim que ela vem, a "Nebulosa"
Vinicius Falcão

domingo, 28 de outubro de 2007

De Ananda

É estranho e belo como renascer do sol
Porque os medos de te perder já não existem
E nunca vão voltar, pois não te quero mais presa
Atada a meus braços – como já quis –
Hoje aprendi que amar não é construir uma gaiola
Mas sim quebrar o cadeado da prisão
E criar outra, de grades mais amplas, da qual não podemos fugir:
A Liberdade.
E não há nada mais amplo, mais liberal e mais conservador
Do que Ela,
E não há nada mais Belo e mais Feio do que Ela.
Hoje eu te amo como sempre e como nunca
Com um amor renovado a cada instante – pois eu
me renovo a cada instante e, a cada instante,
eu te amo novamente, de um modo diferente –
Lembro dos momentos que passei ao teu lado
Longe de ti...
Lembro dos tempos que chorei por tudo isso
Mas eu te amei o tempo todo, desde as primeiras palavras
Que troquei com você, até agora.
Por mais que a vida – e o AMOR – seja como uma montanha russa
Esse sentimento continuou.
Às vezes com ódio, às vezes com tédio, às vezes com frio, outras muito quente,
Às vezes latente, outras com tudo isso junto, mas sempre presente,
pois eu emprestei meu coração pra esse sentimento –
que agora só morre comigo.
E é você quando caem as noites cerradas depois de tudo,
E é você quando volto alguns anos,
E é por você que eu espero, mesmo sabendo que pode ser inútil
Mesmo sem esperar amor em troca, amor de volta.
Muita coisa, Meu Amor, já aconteceu em nossas vidas,
Outros corpos, sentimentos, enganos, encontros e desencontros
A gente já se perdeu no tempo virtual dessa relação
Mas as linhas invisíveis de nossas escolhas
(e mais uma vez a dona Liberdade se apresenta,
essa vilã e mocinha da vida,
que agora nos olha com um sorriso no canto da boca)
Sempre teimam em se encontrar
Pois o nosso amor nasceu pra durar
Contra os abismos aterradores do tempo
Da distância e da idade, que nos separam,
Contra os motivos inócuos de nossas brigas,
Hoje tudo nos mostra uma certeza: o amor,
O único indelével sentimento,
O mais racional de todos eles, que, por pensar tanto,
Nos arrasta até a não-razão
E triunfa em cima do funeral de migalhas
Que foi o caminho que nos trouxe até aqui.

28/07/07
Do, sempre, seu... Vinicius Falcão

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Parte II

A lei ambiental brasileira é muito bonita. Aliás, todas as leis brasileiras são muito boas, ou, pelo menos, boa parte delas, o grande problema está na hora de cumprir, as leis são perfeitas demais para um povo com as “qualidades” do brasileiro padrão. A lei brasileira não consegue impedir que pesquisadores gringos invadam a Amazônia e peguem o que eles quiserem, a lei brasileira não consegue nem impedir que os nossos nobres deputados parem de se valer da coisa pública em nome próprio. O Estado brasileiro está comprometido com outras causas “mais nobres” que a ambiental, então ele não investe dinheiro na proteção, manutenção e conservação de suas áreas ambientais mais relevantes, ele prefere pegar esse dinheiro e investir na construção de plataformas petrolíferas, em usinas de carvão que “ajudam” o meio-ambiente, em programas de (neo-)pão-e-circo (tipo o fome zero), também preferem pagar juros e amortizações da dívida externa... Ou seja, a maquina administrativa e cultural do povo e do estado brasileiro está voltado para o contrário da causa ambiental – o que quer que isso queira dizer.

Partindo desse pressuposto, não é razoável deixar tão significativa reserva ecológica nas mãos que de quem não a valoriza. Também não acho que nenhum outro país circunvizinho pudesse ser esse “messias” ou que alguma das potências do mundo pudessem ser tal “messias”. Para mim, a solução, seria tornar toda a Amazônia (mesmo a área fora do Brasil) uma área mundial, sem nacionalidade, como é a Antártida, por exemplo, assim, a floresta seria isolada e só seria permitida a entrada de visitantes com guias, biólogos ou coisas do gênero, bem como de pesquisadores, devidamente credenciados, todos acompanhados por alguém do pessoal da tropa de defesa da Amazônia. É o mais razoável a ser feito, todos fiscalizam todo; ninguém destrói a Amazônia.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Brasil e a Amazônia - PARTE I

SERÁ QUE O BRASIL TEM COMPETÊNCIA PARA CONTROLAR A AMAZÔNIA?

Antes de qualquer coisa, faz-se necessário deixar claro que eu não me sinto brasileiro, portanto, para escrever isso, eu não preciso me despir da “brasilidade”, pois eu nunca tive tal sentimento, ou, se tive, foi num tempo tão remoto e tão distante que já me desintoxiquei de tão fétido sentimento. Ao leitor, fica o pedido: favor despir-se de tal sentimento – se é que, como eu, já não o fez por livre e espontânea vontade –, posto que, qualquer crítica ao meu texto, só fará sentido e será pertinente se vista sob uma perspectiva global, que tenha preocupação com a nossa grande casa, chamada Terra. Não faz sentido, aqui, uma crítica fétida, que venha fantasiada de Saci-pererê, Jeca ou Boto. Aqui só faz sentido um homem des-identificado com qualquer sentimento nacionalista; um homem puro, mas não cheio dessa pureza cândida dos profetas cristãos, a pureza de que falo transcende a isso; um homem que consegue estar distante, porém não imparcial; calmo, porém nunca indiferente; um homem que consiga olhar para o seu mundo com um olhar de fora e que consiga criticar o que julga ser mais seu, por saber que a crítica, quando consegue mostrar uma falha real e não uma falha inventada, é melhor que qualquer elogio, posto que a crítica aponta o defeito, o que precisa ser corrigido e, que se não for sanado, pode levar ao erro; o elogio aponta o acerto, o que não precisa de ajuste e que, com ou sem sua percepção, levar-nos-á de qualquer forma ao caminho que queremos alcançar.
Outro ponto importante a ser tocado aqui – e ainda fora do assunto propriamente dito – é dizer que da mesma forma que não há uma apologia da brasilidade, não há uma apologia de nenhuma outra cultura ou raça – não é só a “brasilidade” que fede ao meu nariz, também o são todos os outros sentimentos patrióticos. Dessa forma, qualquer crítica que se prenda ao patriotismo quer brasileiro, estadunidense ou nipônico, igualmente não será levada a sério por mim. Igualmente fétidos são todos os sentimentos nacionalistas; igualmente fétidas são todas as linhas imaginárias que chamam fronteiras. A humanidade deve ser uma só, para isso seu espaço também deve ser um só, divido apenas e tão somente pelo direito natural, que aproxima e separa as pessoas segundo o que há de mais humano: sua cultura. E este texto é feito com a única e indissolúvel preocupação que tenho com essa diversidade humana que há no mundo e que, para ser mantida, precisa de uma natureza minimamente saudável como base de sustentação.
Vivemos no país do riso fácil e do “a tudo se dá um jeito”. Corrompem o guarda quando são multados e reclamam dos deputados que recebem mensalão; espancam os filhos e reclamam da violência; votam e reclamam da qualidade dos políticos; esperam por uma vida no céu, esquecem que, se é que existe algum deus, é na Terra que deve haver o verdadeiro paraíso. Não conseguem dá conta nem do mais fácil que são as instituições, que deveriam ser organizadas e eficientes, porém, aqui, no país do riso fácil e do cabide de empregos, não, as instituições públicas são lentas e cheias de imprestáveis, que, geralmente, galgam seu posto por ter um grande QI (quem indica), preguiçosos, dificultam e bagunçam tudo, desorganizam e cometem as maiores atrocidades, são acobertados por superiores – que estão comprometidos com “enes” falcatruas – e inferiores – que estão deslumbrados com a possibilidade de algum dia ocupar seus postos e servi-se do público ao bel prazer –, fazem tudo isso amparados por uma estabilidade, uma espécie de segurança que o governo lhes dá após um famigerado “estágio probatório”, que dura dois anos. Diante desse quadro pintado, diante dessa natureza – que não foi traçada por nenhuma herança genética, é bom que fique claro, foi traçada sim, por um bando de comodistas que há nesse país – preguiçosa, no sentido pior do termo, e materialista, no sentido mais consumista do termo, podemos pensar se, realmente, tal país é capaz de cuidar de um bem tão precioso e, ao mesmo tempo, tão valioso, como a Amazônia, sabendo que, destruir nem que seja uma árvore ou matando uma formiga que seja, far-se-á um mal incalculável a tal espaço ecológico. Como um país marcado pela corrupção e pela falta de egoísmo positivo – que anseia por preservar o que é basilar para sua vida, que é o ambiente – pode querer controlar uma área tão rica e tão relevante para o planeta como a Amazônia?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Porquê sou tão melhor que os outros?

Essa é a pergunta que há tempos faço e não quero(ria) admitir a mim mesmo por causa de um sentimento fétido chamado humildade.

Sei reconhecer meu valor e sei que meu valor – o valor de minhas experiências e de minha capacidade de abstração – é maior que o de noventa e cinco por cento das pessoas que conheço. Poucas, pouquíssimas pessoas conseguem se aproximar dessa minha capacidade e a essas eu dedico pouco do meu tempo para saber onde está meu nível. Não, eu não sou um “ser superior”, eu apenas não me contento com pouco, eu quero sempre mais, quero ir mais fundo e é por isso que eu tenho uma capacidade de abstração maior do que quase todas as pessoas que conheço, mas também reconheço que muitas pessoas têm um potencial não aproveitado enorme, natimorto – elas escolheram abortá-lo, não lêem, não escrevem, não se interessam por literatura ou por filmes que realmente têm qualidade, escolheram o caminho oposto ao da abstração e renderam-se à objetivação imposta pelo mercado. Não, eu não sou superior, apenas sou um resistente que tenta mediar suas relação não nas COISAS (res) mas nas PALAVRAS (sermo). Minha superioridade não é genealógica (ou seja, não há nada de genética nisso), minha superioridade está nas minhas escolhas, foram minhas escolhas que me guiaram, me moldaram (e me moldam ainda) pelo caminho da abstração e da criticidade.

Sou tão melhor que os outros e isso não me incomoda e também não me incomoda dizer isso.

Sou tão melhor que os outros que não consigo sequer conservar dois minutos de diálogo com boa parte deles.

Sou tão melhor que os outros que não preciso do amor deles, de sua compaixão ou de sua aprovação para nada.

Sou tão melhor que os outros que consigo superá-los em tudo, menos em idiotice e hipocrisia.

Sou tão melhor que os outros que não consigo sequer ser humilde tamanha é minha superioridade.

Não quero me nivelar por baixo, por isso seleciono as pessoas com quem converso. Por não querer me nivelar por baixo, nem todos os que conversam comigo são meus amigos. Por não querer me nivelar por baixo, sou meu melhor amigo – afinal, sou a melhor pessoa que conheço. Daí vem essa necessidade de mim mesmo, de estar só mais que o normal, de ser diferente dos outros. Claro que sou diferente: sou melhor que todos os outros. Como poderia ser igual se sou melhor. SOU MELHOR, ESCOLHI SER MELHOR E CADA PASSO MEU NO MUNDO ME MOVE A ISSO.

Não era meu destino. Não estava escrito nas estrelas. Não sou predestinado a coisa nenhuma a não ser a escolher o que será minha vida – assim como cada um dos seres humano é. Sou melhor por ter escolhido o melhor caminho, as melhores leituras e as melhores pessoas possíveis para compartilhar o caminho por que passo.

Sou melhor por ter mais abstração, por escrever tão bem, por ser tão mais inteligente que a maioria das pessoas.

Sou melhor porque entre a liberdade e a felicidade, não pensei duas vezes e me agarrei à liberdade: é o único modo que tenho para ser feliz, pois a tristeza também faz parte da felicidade, assim como ódio, a angústia e todo um turbilhão insolúvel de sentimentos e paixões...

Porquê... porquê sou tão bom?

Fui eu quem escolheu isso?

Porquê... porquê não ser medíocre
?

domingo, 9 de setembro de 2007

Tempos de modernidade

As estruturas de concreto morto
assassinam todos os velhos sentimentos
que eu desenvolvia nas profundezas;
construções vazias, cheias de vento
,ganham novo poder transformador:
de, viva, mortificar qualquer razão,
de amortecer quedas repentinas
na esquina da rua da minha casa.

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A poluição extermina toda
possibilidade de continuar,
de continuidade, nesse ritmo,
que se torna mais e mais musical
e, por isso, repetem-se as quebras
nas engrenagens obscuras, semânticas
semi-mortas desde o nascimento
desde o processo de criação.

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Não consigo conciliar o tempo
e o discurso seco, responsável
por centenas de correntezas
por onde fluem as minhas incertezas
rimadas nas ruas enrugadas, curvas
sob pontes de concreto subjetivas
que jamais se dobram ante a força
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não consigo – na verdade não quero –
tentar entender começo e fim
de qualquer coisa parecida com
o suspiro final do pensamento
que pode fazer nascer mal no meio
de tanta poluição, dentro de
tanto barulho, barbárie e caos...
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Revoadas cheias de incerteza
sempre buscam concertos permanentes
nascem e morrem, continuamente
como se estivessem, ao mesmo tempo,
presentes do começo ao final
no nascimento e no funeral
de uma mesma época, condenada
aos mesmos desgostos e às mesmas, velhas,
apenas revestidas, problemáticas
apenas a aparência diferente;
como se trocasse apenas a
roupa, surrada, suja e rasgada
por uma camisa nova, limpa ... branca.

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Esse recomeço não permite erros
muito menos diversos pensamentos;
também não permite os pensamentos
e muito menos muitas construções;
os erros não permitem construções
muito menos velhas opiniões.

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Como sempre, estão todos atrasados,
para chegar ao local escolhido;
como sempre eles tentam adiar
a chegada, para perder a ida,
mas o relógio Dela é preciso
o relógio Dela é mais perfeito
até que a edificação mais sólida
que edifícios, pontes e formas
– todas elas juntas – vivas mais modernas
externadas, até a forma dos versos.
Ela simplesmente faz tocar o sino:
então as nuvens abrem, mortos vivem
e os vivos vão; os não vivos choram;
e os viventes continuam andando
observando as estruturas de
concreto que amornam sentimentos.

26/08/07
[VINICIUS FALCÃO]

domingo, 19 de agosto de 2007

ANARQUIA!!!

.
A ANARQUIA COMO ALTERNATIVA AO MODO DE PRODUÇÃO CAPiTALISTA (MPC).

Proponho, como modelo alternativo ao capital, a anarquia. Anarquia quer dizer, ao pé da letra, ausência de governo, não quer dizer ausência de regras, como muitos tentam – erroneamente – dizer. Porém essas regras, num modelo anárquico, não seriam efetivadas de “cima pra baixo” como é hoje em dia. As regras seriam definidas de forma horizontal, com a participação direta de todos.

Um dos princípios anárquicos é o federalismo. Ele serve justamente para que a horizon-talização do poder seja possível, já que é totalmente impossível haver uma participação de todos em “unidades políticas” com milhões de pessoas. Dessa forma, a anarquia exige que a unidade política tenha um “tamanho ótimo” de pessoas para que a horizontalização seja possível – somente para isso. Por outro lado, os países perdem a função – já que governos, estados e todas as instâncias verticais de poder deixam de existir – e todas as pessoas ao mesmo tempo que perdem a identidade de brasileiros, argentinos, noruegueses, etc... Ganham, em contra-partida, a noção de cidadão do mundo.

O anarquismo não defende um sistema, um conjunto de normas a serem seguidas, o anarquismo propõe, ao contrário, que cada grupamento humano possa, através da representação direta, decidir suas formas de organização, proporcionando, assim, uma maior liberdade para que o homem possa desenvolver suas potecialidades. O anarquismo não é uma receita de bolo para chegarmos aqui e dizer que “no anarquismo seria assim, assim e não pode ser diferente”, quem disser isso estará falando de qualquer coisa, menos de anarquismo. Embora cada pessoa possa ter sua particular visão – perspectiva – sobre uma organização anárquica, não existem “profetas” anárquicos, que pregam a “doutrina” de um “deus-anárquico”, cada indivíduo que comunga com os idéias de participação direta nas decisões coletivas – pressuposto geral do anarquismo – não só pode, como deve, ter sua própria visão do anarquismo. O anarquismo é um sistema que diz não às “verdades absolutas”¹.

Penso que não cabe a nós agora, a priori, descer às minúcias organizacionais de uma sociedade baseada na auto-gestão. Isso soa até contraditório, pois os indivíduos de cada coletividade têm o direito de escolher um modo peculiar de resolverem seus problemas e conflitos: desde que esse modelo consiga atender seu escopo, ele é bom. Eu posso dar minha opinião sobre isso – como, em linhas gerais disse acima –, você pode dizer a sua, mas não podemos dizer que numa sociedade anárquica vai ser assim E PONTO. Temos que respeitar a pluralidade e a LIBERDADE de cada comunidade. Nós devemos ter alguns princípios gerais e, a partir deles, cada uma das comunidades anárquicas vai moldando-se à sua maneira à anarquia. Desse modo não há uma anarquia, mas várias anarquia, baseadas nos mesmos princípios e propósitos da liberdade, igualdade, fraternidade e desenvolvimento das potencialidades individuais de seus membros. Porém, os métodos para atingir esses propósitos são particulares.

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¹Nós devemos ter alguns princípios gerais, pois não há uma verdade absoluta, porém, justamente por não haver verdade absoluta, devemos ter alguns pressupostos e algumas verdades absolutas para chegar nesse estágio de não haver verdade absoluta. Essa questão da verdade absoluta é uma questão de erro lógico, se não há verdade absoluta então temos duas possibilidades: ou a frase está errada – e há uma verdade absoluta – ou a frase está parcialmente errada, pois ela é – tem pretensão de ser - uma verdade absoluta, dessa forma, para não cairmos em contradição, devemos ter algumas verdades absolutas, pontos de partida que norteiam nossa direção. Essas “verdades”, no nosso caso, são, por exemplo, o federalismo; a ausência de instâncias de poder (governo, estado); a não transferência de poder (responsabilidade), etc...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Para além dos grilhões do mais autoritário sentimento!

Às vezes, logo quando as pessoas começam se descobrir, a aprender o que são os sentimentos, costumam querer conhecer o que chamam, entre os “populares”, de amor. E então eles conhecem o conceito fabricado e mais clichê desse sentimento – que pode ser sublime, sim, mas pode ser o mais fétido entre todos os sentimentos – o amor- comum.

O amor-comum é podre e cheia a fraqueza. Ele quer fazer do outro uma extensão de si mesmo, ele quer confundir seu “eu” e o “eu” do outro – que sequer existem concretamente, já que cada um de nós é vários “eus” – num só “eu”, num só ser. Ele quer fazer com que um seja propriedade do outro, ele quer fazer dos dois um só, um espelho, um mesmo coração, uma mesma alma, em dois corpos. Esquece, porém, que isso é mais do que utopia, é mentira, além de todas as impossibilidade objetivas, ainda tem uma impossibilidade subjetiva: nem um, nem o outro querem essa identidade, ao contrário, fingem querer.

Esse sentimento, regado a frases-clihês, a ciúmes, a neuroses, pirações, privações das mais variadas, regado ao mais fino e chantagista autoritarismo; esse sentimento que é, sobretudo, uma grande muleta para os dele dependentes, pode ser comparado ao pior dos tóxicos tipificados como proibidos como a cocaína e o crack: dá um prazer instantâneo nos primeiros momentos, a longo prazo, causa vício e prejudica à totalidade do indivíduo, porém há um agravante: isto é um sentimento, logo, é sentido por um outro, este vício, então, é o pior dos vícios, pois não está explícito e jogado para fora em forma de pó esbraquiçado e tipificado pela lei como proibido, pelo contrário, este sentimento é totalmente ligado à subjetividade do outro, é totalmente travestido de “bem” e de “dever de cuidado”, é totalmente desejado pelo “inconsciente coletivo”, aprovado por todas as leis e religiões. É, esse amor, sem dúvidas, a mais perigosa das drogas. É um sentimento enlatado e pré-fabricado, uma prisão que o sujeito se prende por adesão e ainda acha ótimo estar preso. O que é pior nessa prisão, com certeza, não é nem o fato de ser “policiado”, “vigiado” pelo outro e por “espiões” a seu serviço, com certeza o pior é você se sentir na obrigação de assim agir, essa é a pior parte e a pior prisão. “Quem ama cuida”, dizem os “amantes comuns”.

Eu, de outra forma, só posso acreditar num amor que seja livre e que me deixe ser livre. Só posso acreditar num amor criativo e tesudo, que me deixe viver em paz, que me satisfaça sem grilhões, sem fiscais, sem burocracias e sem neuroses. Num amor que seja infinito em apenas um instante e que transcenda e que seja anterior a qualquer criação anterior à minha. Eu invento o meu amor da forma que me convém e posso me livrar de “amores-indesejáveis” por “pessoas-inconvenientes”, eu posso me livrar dos tocos que a vida me apresenta e que irão me desviar do caminho que projetei para a minha existência.

Os melhores amores nascem sempre à distância, à distância crescem e se reproduzem, dão frutos, mas não morrem, permanecem sempre pulsantes e múltiplos, coexistindo e se amando dentro da consciência de quem os sente. Os melhores amores são sentimentos tão sublimes que não conseguem censurar, nem, ao menos, desejar o mal ao ser amado. Os melhores amores são feitos de improviso e nem a melhor cartilha do melhor pensador pode analisar a melhor forma de amar. A melhor forma de amar é definida por cada um, sem esquecer que o maior amor deve ser, sempre e cada vez mais, o amor por si mesmo.
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[a propósito disso, um dos melhores poemas que já li... do "velho safado" Charles Bukowski]
A Genialidade da Multidão
Há bastante deslealdade, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para suprir qualquer exército em qualquer
dia.
E O Melhor No Assassinato São
Aqueles Que Pregam Contra Ele.
E O Melhor No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E O MELHOR NA GUERRA
--FINALMENTE--
SÃO AQUELES QUE PREGAM
PAZ
Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam PAZ
Não têm paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidados com os Sabedores.
Cuidado
Com Aqueles Que
Estão SEMPRE LENDO
LIVROS
Cuidado Com Aqueles Que Detestam Pobreza
Ou Que São Orgulhosos Dela
CUIDADO Com Aqueles Que Elogiam Fácil
Porque Eles Precisam De ELOGIOS De Volta
CUIDADO Com Aqueles Que Censuram Fácil:
Eles Têm Medo Daquilo Que
Não Conhecem
Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantes
Multidões; Eles Não São Nada
Sozinhos
Cuidado
Com O Homem Comum
Com A Mulher Comum
CUIDADO Com O Amor Deles
O Amor Deles É Comum, Procura
O Comum
Mas Há Genialidade Em Seu Ódio
Há Bastante Genialidade Em Seu
Ódio Para Matar Você, Para Matar
Qualquer Um.
Sem Esperar Solidão
Sem Entender Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Seja Diferente
Deles Mesmos
Incapazes
De Criar Arte
Eles Não Irão
Compreender Arte
Eles Vão Considerar Sua Falha
Como Criadores
Apenas Como Uma Falha
Do Mundo
Incapazes De Amar Completamente
Eles Vão ACREDITAR Que Seu Amor É
Imcompleto
E ELES VÃO ODIAR
VOCÊ
E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta
Sua Mais Fina
ARTE

terça-feira, 31 de julho de 2007

A semelhança é a diferença!

Não se pode ver um conjunto de pessoas como uma unidade, por mais coisas em comum que existem entre elas. No fim de tudo, há mais de "incomum" do que de "comum", por isso somos seres particulares; solitários (não isolados, mas solitários), somos subjetividades-subjetivadas, objetividades-objetivadas, transcendências-transcendidas, tudo isso ao mesmo tempo sendo feito por suas próprias consciências e por consciêcias extranhas.
A multidão que pulsa e pula gritando as mesmas palavras de ordem; as pessoas que seguem nas calcaçadas do centro; garotos parados, enfileirados, esperando o lanche na cantina da escola; operários em greve numa fábrica do "ABC"; professores paralizando as aulas nas universidades; alunos fazendo barricadas, todos eles, por mais parcecidos que sejam, são diferentes entre si (enquanto grupos e enquanto indivíduos) - e mesmo dentro dos grupos, há mais diferenças do que semelhanças do que semelhanças entre eles: o que nos une é a diferença, é a diferença que aponta à unidade.
O todo é um conjunto de unidades (mais) diferentes (que semelhantes), deve ser visto, portanto, a partir do indivíduo no sentido do todo e não ao contrário, e é justamente por isso que é falha qualquer tipo de universalização coletiva de um anseio individual para o grupo todo, e é justamente por isso que qualquer tentativa de representação é falha e insuficiente, fracassada já no seu estado embrionário - NATIMORTA -, distorcida tanto por quem "representa" quando por quem é "representado". Toda tentativa de representação é uma enganação! Os que dizem representar enganam e, da mesma forma, os "representados" (que pensam que são representados) SE ENGANAM (PROPOSITADAMENTE), mentem para si mesmos por se sentirem mais confortáveis com a mentira que os representantes são bons e querem o bem coletivo.
Assim, dessa forma, a única solução para nós é a representatividade individual. Só o indivíduo é capaz de se representar e de saber o que é realmente bom para ele mesmo. Para além disso, se assim não proceder, não poderá se esquivar da culpa de não ter tido capacidade de fazer-se representar, não poderá jogar para fora de si a culpa de ter falhado, não poderá alegar que foi enaganado por um "falastrão-retórico-com-carinha-de-playboy". A única solulçao é acabar com os partidos e fundar um INTEIRO, que não seria uma instituição, mas um agrupamento de pessoas que reuniria toda uma coletividade para tirar da esfera transcendente de poder (ESTADO) o poder de decisão e colocar no indivíduo, em cada indivíduo, o poder de decisão naquela coletividade.
O ser humano é a única espécie onde o indivíduo tem um valor maior que o todo!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Manifesto egoísta

Declaro toda a crise humana, como a crise da falta de egoísmo.

E é por pura falta de egoísmo que o ser humano caminha para sua derrocada.

Sim, por falta de egoísmo.

O que o ser humano tem de mais valioso senão a vida? E o que é mais egoísta senão a ânsia por conservar a vida [mas viver não é existir. Existir, por existir, é sacal e banal. É verdadeiro demais. É chato demais]?

Declaro, então, o egoísmo como a única salvação da humanidade.

E se eu te ajudar algum dia foi por egoísmo.

É por gostar de ti e por me sufocar o fato de pensar te ver mal que te ajudei. Não penses que fiz isso para te ver bem. Fiz só, e somente só, para ME VER BEM. Se te ver mal não me incomodasse tanto, não moveria uma palha pela tua reabilitação.

Amam. Roubam. Matam. Vestem. Fazem. Desfazem. Desdizem. Deslizam. Pulam. Levantam. Vêem. Riem. Choram. Deixam. Sentem. São. Estão. Louvam. Gritam. Esquecem. Lembram. Comem. Bebem. Olham. Escutam. Passam. Voltam. Vão. Vibram. Fodem. Metem. Mentem. Poluem... fazem tudo isso em nome de um impulso, de uma moral, de um imperativo categórico, de uma enganação a que eles mesmos admitem estarem submetido, e são alegres por isso. Querem ajudar ao próximo: dão esmolas. Querem ajudar ao próximo: esquecem de amar a si mesmos. Querem ajudar ao próximo: e são apunhalados pelo próximo. Traindo a si mesmos ajudam ao próximo. E essa ajuda os atrapalha. Nos atrapalha.

Eles não conseguem nem carregar o peso de suas próprias existências: mas querem ajudar ao próximo. Desejam e anseiam representar o próximo. Não conseguem, com efeito, amar a si próprios. Não conseguem sair de seus próprios eixos. Essa confusão poluí todo o mundo. Essa confusão causa um odor e um asco que não posso suportar mais.

O egoísmo é a melhor forma de altruísmo.

O egoísmo é a única possibilidade de liberdade.

O egoísmo é a única redenção possível para a humanidade.

Os egoístas são os únicos que pensam na humanidade verdadeiramente. Todo o resto são hipócritas. Todo o resto são perdidos.

Querem existir – acabam a vida, somente existem.

Querem foder – proclamam legítima todas as formas de alienação e nelas se afogam.

Esquecem de si. Esquecem do EGO.

Proclamo a única possibilidade de salvação da humanidade a superação da sociedade das vítimas, das falsas vítimas. Que acoberta a vontade do outro. Que reprime os desejos mais recônditos que ecoam como torpores na cabeça das pessoas. Porém, não vejo como os seres humanos sejam capazes de superar tal condição. Só vejo uma possibilidade para a salvação da humanidade: a superação da humanidade. Expandir as potências para fora de si, de dentro para fora. Efetivar essa vontade e deixar que a única moral seja a moral do ego, do egoísmo, do sujeito. E o todo não é nada mais que um conjunto de eus que inter-agem. E o todo, que é o ser que está para além da humanidade, nunca será mais importante que o eu. Pois o indivíduo, o que pulsa e pulula na Terra, feito pipoca, é mais importante e deve se sobrepor a tudo o que vier contra seu ego.

Está lançada a ditadura do ego.
Que se fodam os religiosos fanáticos, os humildes babacas, os modestos, e todos os altruístas, puramente altruístas. Que se fodam os fracos. Os que se humilham e se flagelam. Que se fodam os que não querem superar sua reles condição humana – são seres pequenos e covardes que não fazem falta a ninguém, insignificantes e repugnantes, não tão quanto, porém MAIS QUE OS VERMES e é por isso que não os chamo de vermes!

E todos os egos devem ser senhores do mundo que são!

sábado, 21 de julho de 2007

Uma crítica à “filosofia-da-tradição”.

Antes de tudo, vamos consultar o Aurélio-pai-dos-burros para que ele nos dê um norteamento a cerca do assunto, das “categorias” principais que uso neste artigo: 1) Filosofia; 2) Tradição;

Filosofia
[Do gr. philosophía, 'amor à sabedoria'.]
S. f. Filos.

1- Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua totalidade, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras, o Ser (ora 'realidade suprema', ora 'causa primeira', ora 'fim último', ora 'absoluto', 'espírito', 'matéria', etc.), quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o pensamento (as respostas às perguntas: que é a razão? o conhecimento? a consciência? a reflexão? que é explicar? provar? que é uma causa? um fundamento? uma lei? um princípio? etc.), tornando-se o homem tema inevitável de consideração. Ao longo da sua história, em razão da preeminência que cada filósofo atribua a qualquer daqueles temas, o pensamento filosófico vem-se cristalizando em sistemas, cada um deles uma nova definição da filosofia.
2- Conjunto de estudos ou de considerações que tendem a reunir uma ordem determinada de conhecimentos (que expressamente limita seu campo de pesquisa, p. ex., à natureza, ou à sociedade, ou à história, ou a relações numéricas, etc.) em um número reduzido de princípios que lhe servem de fundamento e lhe restringem o alcance
3- Conjunto de doutrinas de uma determinada época ou país, ou sistema constituído de filosofia:
4- Conjunto de conhecimentos relativos à filosofia, ou que têm implicações com ela, ministrados nas faculdades.
5- Tratado ou compêndio de filosofia.
6- Exemplar de um desses tratados ou compêndios.
7- Razão; sabedoria
8- Bras. Pop. Modo de pensar


Tradição
[Do lat. traditione, por via erudita.]
S. f.
Ato de transmitir ou entregar.
Transmissão oral de lendas, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração.
Transmissão de valores espirituais através de gerações.
Conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados.
Recordação, memória.
E. Ling. O conjunto dos testemunhos [ v. testemunho (5) ] , conservados ou desaparecidos, em que se materializou um texto ao longo do tempo.
[Cf., nesta acepç., transmissão (6).]
(dicionário Aurélio eletrônico.)

(a crítica propriamente dita)

Por tradição entendemos as sucessivas formas de uma mesma “instituição” através do tempo, suas falhas, seus acertos, seus erros, suas modificações, em suma: seu devir. Assim, a filosofia, que nos remete ao tempo dos gregos clássicos, também tem uma tradição. Uma história rica, em que vários pensadores (onde muitos deles também se “aventuraram” por outros ramos do conhecimento) contribuíram. E a tradição é exatamente a herança que se passa dialeticamente através dos tempos. “Ganhamos” da tradição, das escolas filosóficas uma demasiada preocupação com a verdade. Os principais filósofos, aqueles que são mais conhecidos, são os que mais trabalharam com essa tradição, essa “mania” desenfreada de fazer “sistemas” e “categorias”. Até que na modernidade tivemos uma ruptura com essa “mania”.

(eu não vou me atrever aqui a falar sobre “o que é a filosofia”, a responder esta pergunta, demoraria muito... o próprio Heidegger – filósofo alemão do início do século XX – escreveu um texto “que é isto – a filosofia?” com mais de quinze laudas, para “responder” à pergunta – digo responder à pergunta entre aspas porque ele não responde, mas nos dá uma indicação sobre o que poderia ser essa resposta)

A história da filosofia – ou o que os “professores” costumam chamar de “(filosofia-da-) tradição” – se preocupou desde os gregos até a modernidade (leia-se: até HEGEL) com a questão da verdade – neste último, inclusive, temos o último grande sistema filosófico, onde um filósofo se preocupa em colocar todas as categorias de sua filosofia, todos os assuntos de toda a filosofia dentro de seu sistema. Uma verdade absoluta e imutável, que está sempre dentro de um “sisteminha” fabricado por um desses filósofos. Porém a modernidade foi rompida. Os filósofos do século XIX mudaram essa “tradição”, romperam com essa “(filosofia-da) tradição”. Devido a sua grande influência, bem como à abrangência de seus escritos e sua filosofia, Hegel foi criticado por filósofos/pensadores como Marx, Fuerbarch , Nietzsche, Schopenhauer... E, desde então, não temos mais um sistema, que, queiramos ou não, é uma tendência do pensamento contemporâneo. E a verdade (essa com “v” maiúsculo) desde então se perdeu.

(Nietzsche foi um dos principais críticos à tradição da filosofia, a respeito da filosofia de Kant, cheio de ironias, assim falou no aforismo 11 de “Além do Bem e do Mal”:

"[...] Kant se orgulhava, antes de tudo e em primeiro lugar, de sua tábua de categorias; ele dizia, com essa tábua nas mãos: “isso é mais difícil do que jamais pôde ser compreendido pela causa da metafísica”. Mas entenda esse “pôde ser”! Ele se orgulhava de ter descoberto no homem uma nova faculdade, a faculdade dos juízos sintéticos a priori. Digamos que se enganou nisso: mas o desenvolvimento e brusco florescimento da filosofia alemã decorrem desse orgulho e da competição de todos os mais jovens para, onde possível, descobrir algo ainda mais orgulhoso – e, em todo caso, “novas faculdades”! Mas prestemos atenção; já é tempo. Como os juízos sintéticos a priori são possíveis? – perguntou-se Kant –, e o que respondeu ele propriamente? Em virtude de uma faculdade: mas infelizmente não são assim em três palavras, mas de um modo tão circunstanciado, tão respeitável, e com um tal dispêndio do senso alemão de profundeza e de encaracolado, que não se percebeu a cômica niaiserie allemande¹ que se esconde em uma tal resposta. Ficou-se até mesmo fora de si com essa nova faculdade moral no homem. [...] Chegou um tempo em que esfregaram os olhos: e hoje ainda os esfregam. Tinham sonhado: e antes de todos, em primeiro lugar – “o velho Kant”. “Em virtude de uma faculdade” – ele havia dito, ou pelo menos pensado. Mas isso é uma resposta? Uma explicação? Ou não é, em vez disso, apenas uma repetição da pergunta ²? Como o ópio faz dormir? “Em virtude de uma faculdade”, ou seja, da virtus dormitiva, responde aquele médico de Molière. [...]"

talvez, por ser um forte crítico da tradição – dos que buscam pela VERDADE com V maiúsculo – eu admire tanto o pensamento desse bigodudo... hehe)


Sendo assim nos colocamos num impasse sobre a filosofia. Se não podemos dizer “o quê é a filosofia”, sob pena de dizer apenas uma parte e não tudo; se não podemos sequer pensar em responder tal pergunta sem filosofar, assim, estamos sempre próximos de tal resposta, porém essa proximidade nos distancia, à medida que, sempre que tentamos tocá-la, ela se afasta, mais e mais. O que podemos dizer é que a filosofia não é uma ciência, pois não tem um campo de estudo definido. Ela existe, muito mais, para ser um conhecimento que faz uma crítica aos outros conhecimentos, e uma crítica aos atos do homem, e para ser uma teoria a cerca do agir humano no mundo, no fim de tudo, a filosofia seria mais uma ferramenta, um modo de caminha, do que, propriamente, uma finalidade, um objetivo, um porto seguro. A filosofia, no fim de tudo, é metalinguagem, é quase uma narrativa a cerca do homem no mundo. Sendo mais direto, mais objetivo, a filosofia é a metafísica e – justamente por isso – a filosofia não pode ser definida. É uma linguagem que está sempre a ser refeita.

sábado, 14 de julho de 2007

Contraverdade

Eu queria espancar o mundo a minha volta. E tudo poderia ser recolocado, em lugares diferentes e nos mesmos lugares. E tudo poderia ser repensado, à medida que essas mediações fossem somente possíveis no intelecto, nunca no plano da mundaneidade da vida. Eu queria esperar o tempo mais demorado, para ver o que diferente teria e quem seria apenas a mesma coisa, na mesma casca, na mesma casa. E tudo poderia ser disfarçado em forma de adeus. E tudo pareceria apenas sonho, enquanto sonho, enquanto estivéssemos também acordados. Nada poderia fazer sentido nessa dada realidade, mas o que faz sentido é o que menos tem graça, é o que é menos atraente. Eu poderia escrever tudo de uma forma clara e menos fechada, e todos diriam que minha linguagem é objetiva. Mas eu não sou objetivo, meu pensamento não é objetivo. Nenhum pensamento é objetivo, e nem mesmo este pensamento o é.

Fechado como um caracol caminha o homem que não conhecemos. Pensando em coisas demais, caminha o homem que jamais conheceremos. O homem que mora dentro de nós, em algum lugar ainda não descoberto, na mais profunda das reentrâncias dos nossos pensamentos. Dorme eternamente, este preguiçoso, porque ele nunca quererá levantar. Apenas sonha, e nós somos cada um desses sonhos, e nós somos cada um desses momentos sonhados por ele, pelo nosso ideal de ser. Sua existência não nos importa, porque não faz diferença se ele existe ou não. A existência – o que conhecemos, sentimos e vivemos –, se dá nesse plano, que é o real (ou o que chamamos de real), nesse plano da imanência, além daqui há apenas especulações e incertezas. Nada podemos afirmar acerca de outros planos que não este.

Os lugares diferentes, as pessoas diferentes, as palavras diferentes, as diferentes formas de mediação e linguagem falham à medida que tentamos conhecê-los. Sempre que tentamos conhecer algo, este algo nos escapa, pois a única coisa que existe é o devir, é a mudança. E é por isso que somente podemos captar partes de algo, e não um algo inteiro, pois nada nunca é, tudo sempre está sendo, está em processo. E o não-ser não pode ser modificado, pois, sob o ponto de vista do ser, o não ser já foi e não mais pode ser, pois ele sempre é o mesmo e nunca o outro. O ser é sempre o outro e nunca o mesmo, assim, o não-ser pôde co-existir com o ser, porém não se modificou e ficou perdido em algum lugar do tempo, logo após a primeira mudança do primeiro ser. E nossos sentidos podem afirmar isso, pois só captamos qualquer coisa que seja através dos sentidos, e nossos sentidos sempre afirmam o devir: o som que começa e termina, vem, então, o silêncio; e mesmo numa música, muitas vezes temos o silêncio em algumas partes, de repente, tudo pára, e nossos ouvidos atestam isso; o mesmo acontece com os outros sentidos, a visão, por exemplo, atesta a evolução, o envelhecimento das coisas (ou rejuvenescimento); o paladar atesta o gosto da comida, até que o paladar também atesta que já não há mais gosto, não há mais comida na boca, pois ela foi para o intestino. Assim o não-ser, nem ser “não-foi”, em algum tempo e sob algum ponto de vista, ele pôde ser pensado, a grande questão é que o não-ser foi superado, por não conseguir entrar na roda do devir.

Também nesse sentido que não há uma verdade eterna, imutável e absoluta. A verdade é o ser, só o ser é a verdade, e o ser nunca é perene, só o que é perene é a mudança.
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A tradição da filosofia sempre se preocupou com a questão da verdade. Do platonismo à filosofia de Kant e Hegel (já no século XIX) foi assim. A filosofia ficou por séculos e séculos - principalmente durante a Idade Média - presa aos chamados autores que eram tidos como "última palavra", ou seja, citar Aristóteles era o mesmo que mostrar a verdade, e ponto. E foi nesse sentido que Petrarca afirmou a dúvida como única certeza e é nesse sentido que eu nego a verdade absoluta. A mesma dúvida que teve seu apogeu em Descartes quando afirma o ser através da "teoria do cogito": estou sentado diante desse computador, mas o computador, o mouse, a mesinha, minhas mãos e todo o resto são meras figurações do meu pensamento, tudo não passa de um sonho; estou numa praia, e o calor do sol, a água do mar e todo o mais são figurações da minha mente; dessa forma, tudo o que há fora de mim pode ser mera criação da minha mente, o que existe, então, é o pensamento, o não-ser não pode pensar, se o não-ser não pensa, algo pensa, daí "penso, logo, existo".